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GESTÃO DE ERVAS DANINHAS EM RELVADOS
O aparecimento de ervas daninhas ocorre em todos os relvados, mas raramente se tornam num problema em relvados saudáveis e com uma correta manutenção.
A preparação adequada do local e a seleção das espécies de relva, antes da plantação, são essenciais para dar origem a um relvado saudável.
Uma vez estabelecido o relvado, uma manutenção deficiente com práticas desadequadas, tais como irrigação, adubação ou corte inadequados, são os principais fatores que predispõem o relvado à invasão de ervas daninhas. Atividades que levam à compactação do solo também contribuem significativamente para o stress do relvado facilitando a invasão de ervas daninhas.
Um programa integrado de gestão de ervas daninhas pode reduzir a maioria das populações para níveis toleráveis e evitar grandes manchas de plantas invasoras.
A erradicação total das ervas daninhas não é um objetivo realista ou necessário para a maioria dos relvados; no entanto, com uma manutenção correta, podemos ter relvados praticamente livres de ervas daninhas sem o uso intensivo de produtos químicos.
IRRIGAÇÃO
Muitos relvados são regados de forma incorreta. As más práticas de rega podem enfraquecer os relvados, permitindo a invasão de ervas daninhas.
A poa comum (Poa annua), a digitaria (Digitaria sanguinalis), a milhã-graminheira (Paspalum dilatatum), e a juncinha (Cyperus esculentus) são apenas algumas das espécies de ervas daninhas que se desenvolvem em relvados mal irrigados.
Para manter um relvado saudável, é necessária uma cobertura de água uniforme. Aspersores que estejam partidos, obstruídos, demasiado baixos ou demasiado altos podem não cobrir todas as áreas do relvado e podem originar áreas secas ou mortas num relvado saudável.
Em geral, uma rega profunda e pouco frequente encorajará o crescimento saudável das raízes.
A rega ligeira e frequente só é necessária quando a relva acabou de ser plantada e o sistema radicular está a desenvolver-se. Regar um relvado estabelecido com regas ligeiras e frequentes apenas dá origem a um relvado com raízes pouco profundas, tornando-o menos durável e permite, ainda, que as ervas daninhas de raízes pouco profundas, como a Digitaria sp., obtenham uma vantagem competitiva.
- Idealmente, a relva deve ser irrigada suficientemente profunda para penetrar no solo até 15 a 20 cm de profundidade.
- É importante permitir que o solo seque parcialmente entre regas. Os primeiros 2 a 5 cm do solo devem estar secos antes de voltar a regar.
As necessidades de água variam entre as espécies de relva e também variam consoante o clima, a época do ano e das condições de crescimento. Como regra geral, as gramíneas de estação quente só precisam de ser regadas uma ou duas vezes por semana. As relvas de estação fria exigem regas mais frequentes, até três vezes por semana, ou mais, em tempo quente.
As espécies de relva que crescem à sombra necessitam de menos água do que as mesmas espécies que crescem a pleno sol.
A relva que cresce em solos argilosos não precisa de ser regada com tanta frequência como a relva que cresce em solos arenosos, pois os solos argilosos retêm a água durante mais tempo do que os solos arenosos. Baixas taxas de aplicação e/ou divisão do tempo total de rega em duas ou mais aplicações por dia são, por vezes, necessárias em solos argilosos para permitir a infiltração da água e evitar o empoçamento e o escoamento.
CORTES
Cada espécie de relva tem requisitos específicos em termos de altura de corte. O corte demasiado curto de algumas relvas pode enfraquecer a relva e aumentar as invasões de ervas daninhas.
Alternativamente, se alguns relvados não forem cortados suficientemente curtos, a camada de manta morta ou thatch pode acumular-se, reduzindo a infiltração da água em profundidade e enfraquecendo o relvado.
- Corte a relva com maior frequência quando esta está a crescer ativamente.
- Lembre-se de não remover mais do que 1/3 da lâmina da folha em cada corte. Se for demasiado de uma só vez, pode demorar algum tempo para que a relva recupere, dando às ervas daninhas a oportunidade de invadir.
Os relvados com invasões de ervas daninhas têm frequentemente um aspeto irregular.
- Corte os relvados com ervas daninhas com frequência suficiente para evitar este aspeto irregular e evitar a formação de flores e sementes.
- Certifique-se de que as lâminas do corta-relva estão suficientemente afiadas para que a relva não seja danificada.
Para grandes áreas, é melhor cortar primeiro a secção com menos infestantes e só depois a outra, de modo a evitar espalhar as ervas daninhas. A lavagem da plataforma e da parte inferior do cortador de relva após o corte permite eliminar as sementes das ervas daninhas.
- Evite cortar a relva quando o solo está húmido, depois da chuva ou da rega, e deslocar um corta-relvas sobre o solo molhado ou outro tipo de máquinas pode levar à compactação do solo.
FERTILIZAÇÃO
Para manter um relvado saudável, siga cuidadosamente as diretrizes de fertilização.
- Inicie um programa regular de fertilização cerca de 3 semanas após a plantação.
Em geral, os relvados precisam de ser fertilizados enquanto estão a crescer ativamente.
THATCH
A remoção regular da palha/manta morta ajudará a manter o seu relvado saudável e competitivo com as ervas daninhas.
O thatch é uma camada de matéria orgânica (caules, estolhos, raízes) que se desenvolve entre as folhas da relva e a superfície do solo. Uma fina camada de palha é normal e até benéfica, pois pode ajudar a limitar a germinação de ervas daninhas.
Algumas espécies de relva, nomeadamente algumas das gramíneas de estação quente, desenvolvem camadas espessas de manta morta o que dificulta a circulação de ar, água e nutrientes no solo.
- Regra geral, deve escarificar o seu relvado quando a camada de thatch tiver mais de 1,5cm de espessura. Para algumas espécies, a zoyzia e a bermuda, isto pode significar escarificar todos os anos. Para outras espécies, como as festucas, a escarificação pode ser necessária de 5 em 5 anos ou não ser necessária de todo.
Em relvados pequenos pode utilizar apenas uma vassoura de aço para soltar a camada de palha. Em relvados com relva rasteira, como a bermuda, utilize um escarificador para cortar através do relvado até à superfície do solo.
AERAÇÃO
O tráfego intenso pode compactar o solo ao longo do tempo. A compactação do solo restringe o fluxo de oxigénio, água e nutrientes para as raízes, fazendo com que o relvado cresça lentamente e tornando-o mais suscetível a invasões de ervas daninhas.
- Melhore a compactação do solo com um arejamento regular.
Relvados em solos argilosos pesados ou relvados com tráfego pedestre ou de equipamento podem precisar de ser arejados várias vezes por ano, enquanto os relvados com pouca atividade podem apenas necessitar de serem arejados uma vez por ano ou menos.
Os arejadores removem pequenos núcleos de solo ou criam poros ou canais na zona de enraizamento. Um arejador manual pode ser adequado para pequenos relvados.
- Areje quando a relva estiver a crescer ativamente.
Tenha em atenção que o arejamento deixará buracos temporários no relvado que serão preenchidos gradualmente em algumas semanas, no entanto, algumas sementes de ervas daninhas podem germinar nestes espaços.
As porções de solo retiradas são normalmente deixados na superfície do relvado e decompõem-se rapidamente com a rega, no entanto, alguns podem conter sementes de ervas daninhas.
- Nos relvados que tem tendência para serem infestados, deve ser considerada uma aplicação de herbicida pré-emergência após o arejamento.
MONDA MANUAL
O controlo de ervas daninhas, ocasionais, por arrancamento pode ser tudo o que é necessário se tiver práticas de manutenção regulares e corretas. A monda manual é particularmente importante para evitar infestações de azedas, dente-de-leão, poa, entre outras.
- Remova as ervas daninhas enquanto ainda são jovens e antes de emitirem sementes ou produzirem rizomas ou tubérculos.
Remova pequenas manchas antes que se tornem grandes. Fazer da monda manual um hábito regular reduzirá em muito o número de ervas daninhas no seu relvado.
- Certifique-se de que remove toda a erva daninha, incluindo a raiz.
Uma forquilha ou pequeno sacho são úteis para remover as ervas daninhas com uma raiz principal grossa. As manchas maiores podem ser escavadas e os buracos preenchidos com novo solo.
HERBICIDAS
Se o seu relvado for bem cuidado, os herbicidas não serão, geralmente, necessários. Quando forem necessários, utilize-os como parte de um programa de gestão integrada que inclua boas práticas culturais de manutenção.
- Nenhum herbicida controlará todas as ervas daninhas do relvado e nem todos os herbicidas podem ser utilizados em todas as espécies de relvado.
- Deve identificar as suas infestantes e a(s) espécie(s) de relva antes de escolher um herbicida.
Algumas das ervas daninhas mais complicadas de eliminar do relvado, como algumas gramíneas perenes, não podem ser eficazmente controladas com herbicidas sem matar também a relva.
Os herbicidas são classificados de várias formas:
- pré-emergência ou pós-emergência
- de contacto ou sistémicos
- seletivos ou não seletivos
Os herbicidas de pré-emergência são aplicados antes de as infestantes emergirem do solo; matam as plântulas/mudas à medida que germinam e tentam emergir.
Nos relvados são utilizados principalmente contra as infestantes gramíneas anuais, como a poa e a digitaria, mas também existem herbicidas pré-emergência que são eficazes contra muitas infestantes de folha larga.
Os herbicidas pós-emergência são aplicados depois de as infestantes terem emergido do solo e controlam as ervas daninhas que crescem ativamente. Os herbicidas pós-emergentes podem ter atividade de contacto ou sistémica.
Os herbicidas de contacto provocam lesões localizadas no local onde o produto químico entra em contacto com a planta e têm mais êxito quando são aplicados em plantas jovens.
Em contraste, os herbicidas sistémicos movem-se no interior da planta, causando lesões em zonas adicionais e podem controlar/afetar assim plantas mais maduras, mais velhas. Exemplo disto é o glifosato, ou o dicamba.
Os herbicidas seletivos matam as ervas daninhas visadas sem danificar as espécies de relva desejáveis. São tóxicos apenas para determinadas plantas ou infestantes. Por exemplo, o 2,4-D mata seletivamente apenas plantas de folha larga e não as gramíneas.
Os herbicidas não seletivos matam toda ou quase toda a vegetação, incluindo a relva. Estes devem ser utilizados apenas antes da plantação de um relvado, durante a renovação ou como tratamentos pontuais. Um exemplo de herbicidas pós-emergência não seletivo é o glifosato (um herbicida sistémico).
Por fim, algumas dicas para uma aplicação correta e com sucesso dos herbicidas:
- Para comprar herbicidas procure pelo nome comum ou o principio ativo que aparece no rótulo.
Ao contrário dos nomes de marca, os nomes comuns dos ingredientes ativos não mudam de empresa para empresa.
Alguns produtos são formulados como prontos a usar para permitir a conveniência de não misturar, outros em grânulos, e muitos outros como líquidos altamente concentrados que requerem uma diluição.
- Siga cuidadosamente todas as instruções do rótulo e aplique herbicidas apenas na época do ano e nas doses recomendadas.
- Certifique-se de que o herbicida é eficaz contra a erva daninha que está a tentar controlar e que é recomendado para o seu tipo de relvado. Uma utilização incorreta pode danificar ou matar a relva e/ou outras plantas.
Lembre-se que muitos herbicidas para ervas daninhas de folha larga são propensos a se disseminarem e podem ser prejudiciais para as raízes de árvores ou arbustos que crescem por perto.
- Não aplique herbicidas em condições quentes, secas ou ventosas, uma vez que podem danificar a relva ou plantas ornamentais próximas.
- Se estiver a aplicar herbicidas de pré-emergência, lembre-se de que não pode voltar a semear espécies de relva durante um determinado período após a aplicação. Se estiver a aplicar herbicidas de pré-emergência, aplique-os depois de arejar ou escarificar, caso contrário, os herbicidas serão removidos do solo com a manta morta.
Dúvidas, fale connosco!